Nem todo mundo sabe, mas o acesso à água limpa e ao saneamento faz parte dos direitos humanos essenciais reconhecidos pela ONU (Organização das Nações Unidas). Não satisfeita, a ONU também publicou um documento exclusivo para a água, a Declaração Universal dos Direitos da Água.
Apesar disso, a situação de distribuição desse recurso natural tão importante em condições potáveis e seguras ainda é precária. Uma agravante para essa situação é a concentração de agrotóxicos contaminantes na água que, de acordo com o Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), estavam presentes em 92% dos testes realizados em 2017.
A presença dessas substâncias na água – como os pesticidas, fungicidas e inseticidas – aumenta consideravelmente os riscos de interferência hormonal, podendo levar a sérias disfunções, como a puberdade precoce e sérias complicações à saúde causadas pelo provável teor cancerígeno.
Quando olhamos diretamente para o Brasil, o cenário não é diferente. Apesar do território nacional contar com a maior concentração de água doce no mundo, 30 milhões de brasileiros vivem sem abastecimento de água. Essa parcela da população depende de iniciativas próprias para obtenção do líquido, como a perfuração de poços.
O problema é que essa e outras iniciativas colocadas em prática quando o abastecimento de água potável não chega às pessoas apresenta sérios riscos de contaminação, podendo causar danos graves à saúde e até levar a óbito.
Pensando em tirar a população dessa situação de desamparo e risco iminente, a ONU incluiu o tema “água potável e saneamento” em sua Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
A agenda 2030 é um plano de desenvolvimento sustentável de iniciativa da ONU, que em setembro de 2015 reuniu representantes dos 193 Estados membros da Organização para desenvolvem o documento “Transformando o Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. A partir deste encontro, as nações se comprometeram a traçar metas e objetivos para alavancar o desenvolvimento sustentável pelos próximos 15 anos.
Para que esse objetivo seja alcançado, ninguém pode ficar para trás. É exatamente a partir dessa frase de impacto que a Unicef – Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância – se apoia para promover a conscientização sobre a urgência de promover ações para diminuir a desigualdade social e viabilizar o acesso a recursos naturais de necessidades básicas às gerações presentes e futuras.
São inúmeras as iniciativas publicas e privadas para avançarmos nesse objetivo, mas é preciso um trabalho de formiguinha para conscientizar pessoa a pessoa a exercer seu papel cidadão de mitigar o desperdício da água.
Fechar as torneiras não é suficiente. Pense sustentável!
No âmbito de gestão pública, é responsabilidade do Estado encontrar soluções para aprimorar a administração dos recursos hídricos a fim de distribui-los de maneira mais justa e chegar a regiões de mais difícil acesso, levando água de qualidade e saneamento básico.
Para as empresas e demais instituições, fica a lição de casa de estudar estratégias mais inteligentes e ecológicas para diminuir o uso de água em seus processos e, quando essa redução não for possível, destinar um reuso inteligente para ela.
Já para as pessoas em casa, a missão é um pouco menos complexa, mas tão importante quanto. A verdade é que, se somássemos a quantidade de água desperdiçada em uma semana durante nossa rotina, ficaríamos envergonhados com o resultado.
Por isso, listamos alguns hábitos para colocar em prática hoje mesmo e dormir com a consciência tranquila:
O clássico, mas necessário: Nem sempre precisamos da água para limpar o quintal e a calçada
Para o dia a dia, podemos realizar a limpeza com kit vassoura + pá e deixar a limpeza pesada com água e produtos de limpeza para ser feita com menos frequência, quando for realmente necessário.
Ainda assim, o ideal é reutilizar a água descartada na lavagem das roupas para essa limpeza, nada de desperdício.
Se você não está convencido, saiba que uma mangueira de três quartos de polegada (modelo convencional), gasta cerca de 600 litros de água a cada 30 minutos de uso. Se pensarmos no consumo médio de ingestão de água indicado por dia – cerca de 2 litros – são quase 10 meses de hidratação.
Esse pode ser um ponto de partida!
Atenção aos vazamentos
Um grande vilão para o controle de desperdício de água em casa é o vazamento, que pode se originar na rede hidráulica ou nas próprias torneiras.
Para evitar o transtorno e garantir que a água não seja desperdiçada, é importante observar o surgimento de goteiras, manchas na pintura, mofo ou mesmo ruídos que possamos indicar um ponto de vazamento.
Outra dica é manter a atenção no hidrômetro (relógio) de água da residência. Uma opção é averiguar o funcionamento do hidrômetro de maneira manual: observando se o ponteiro sofre alterações dentro de uma hora.
Já uma alternativa mais prática é consultar a própria conta de água e, havendo alterações abruptas no valor e volume consumido, contatar um técnico para uma avaliação.
Nunca, jamais, em hipótese alguma polua as ruas com embalagens ou descarte óleo no encanamento doméstico
Pequenos atos que na hora podem até parecer inocentes são muito prejudiciais para a cadeia hídrica. Isso porque o descarte incorreto de tais poluentes causa uma degradação imensurável nos rios, levando à poluição dessas águas e afetando a vida aquática.
Por mais que tenhamos crescido sob a cultura da abundância da água, não podemos nos esquecer de que a água doce é um recurso natural finito. Não só o uso excessivo como também a poluição desse ativo gera um impacto ecológico muitas vezes irreversível.
Espalhe essa mudança!
Esses são apenas exemplos do que podemos fazer no nosso dia a dia para diminuir nosso impacto ambiental no que diz respeito ao consumo de água. O mais importante é a conscientização, é preciso reconhecer a importância do cuidado com a água e propagar essa mudança entre nosso círculo social.
Seja você um embaixador desse movimento.